Taxa de juros deve aumentar nesses meses
Na última quarta-feira, dia 20 de janeiro, o COPOM (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a taxa de juros do Brasil em 2% a.a. pela quarta vez seguida, depois de uma sequência de nove cortes durante a pandemia, mas antes vamos entender como a SELIC impacta na vida do brasileiro.
A taxa básica de juros SELIC é uma das principais formas de dar ou tirar valor do real. Por exemplo: os empréstimos – quando a taxa de juros dos bancos girava em torno de 14% a.a., o dinheiro se tornou caro, e poucas pessoas tinham coragem de tomar empréstimos a juros tão altos. Com isso, a circulação de moeda se tornou menor, e menos dinheiro circulando temos um controle mais firme da inflação.
A SELIC está diretamente ligada a vida do brasileiro, influenciando coisas que às vezes passam desapercebidas e, durante o estouro da pandemia, suas alterações foram vitais para estancar a sangria que teria sido na economia nacional. Com o comércio paralisado e muitas atividades fechadas, o dinheiro parou de circular causando uma forte queda na inflação. Então, para incentivar movimentações e até para facilitar empréstimos emergenciais para empresários, a taxa de juros sofreu grandes cortes consecutivos estagnando nos últimos quatro meses na faixa de 2% a.a.
A diferença que tivemos na ata do COPOM nesta quarta-feira foi o anúncio do fim do “Forward guidance” que significa o comprometimento do Banco Central em não elevar a taxa de juros durante esse período. Então, se com esse pronunciamento começamos a entender que não haverá mais cortes e encontramos um piso para taxa de juros, o que temos pela frente é um espaço livre para retomada da alta da SELIC.
Acredito, firmemente, que poderemos ver os juros brasileiros subirem nos próximos meses, a partir de março. Com isso, para pessoas com perfil mais conservador e mais aversão ao risco, produtos de renda fixa pós-fixados se tornam opções mais atraentes. E se a previsão é de termos uma inflação mais descontrolada nos próximos meses, por que não considerar produtos de renda fixa atrelados à inflação em busca de rendimento real?
O aumento da inflação e da taxa de juros pode refletir negativamente nas cotações das ações da Bolsa de Valores. Em um cenário de descontrole monetário, como tínhamos em 2014 e 2016, levou ações de grandes empresas a valer centavos e, tendo em vista esse possível cenário logo após o Ibovespa e suas respectivas empresas registrarem máximas históricas, o que temos para esperar pode não ser muito interessante para o investidor otimista.